Trans… De transformar!

Quem nunca se sentiu desencaixado dentro do próprio corpo? E saiu alucinado numa busca incessante atrás de um conforto, um alívio, uma manobra qualquer que deixasse essa caixa membranosa, aquosa, que se movimenta, que produz e queima energia, que tem sentidos aguçados e inteligência própria, para se sentir mais relaxado, adequado e poeticamente instalado dentro de si mesmo?

Até as mais simples intervenções, como tirar as sobrancelhas, aumentar as coxas, injetar substâncias nos lábios, eliminar as rugas, são atitudes de transformação. A busca é para estar encaixado dentro de si e fora também.

Segundo Danielle de Araújo Battistoni,  cirurgiã plástica, o Brasil é o segundo país do mundo em realizações de procedimentos de transformação e rejuvenescimento, ficando atrás dos EUA e, às vezes, sobe para primeiro no ranking, dependendo da época do ano.

As cirurgias mais desenvolvidas aqui são as mamoplastias, harmonização facial através de procedimentos não invasivos, com substâncias específicas temporárias, cirurgias de abdômen e rejuvenescimento.

O queixo da atriz Cléo Pires está entre os campeões das clínicas de cirurgia estética/ Foto: Divulgação

E ainda tem as outras intervenções de transformação, as cosméticas, que põe e tira cabelo, alonga encurta unhas, alonga cílios e muitas outras…

E o que é moda em beleza nesse momento?

Pois é meus caros leitores, a moda em beleza também oscila, o “padrão” oscila e segue quem estiver disposto  a se transformar, pouco ou muito….

Nas últimas coleções em Paris a moda é ser tamanho 34 e ter uma cara juvenil, quase de criança. Por aqui, o queixo da bela e sexy Cléo Pires, a boca de Kylie Kardashian, as curvas de Kim Kardashian, um nariz pequeno, uma sobrancelha angulosa e farta, são campeões de desejos nas clínicas de cirurgias e estúdios de beleza.

Segundo  Danielle, uma intervenção para se sentir mais bonita, mais rejuvenescida é questionada, pois qualquer intervenção é questionável, mas quando a mudança é extrema a questão toma uma proporção em que o bom senso tem que prevalecer. “É preciso ter critério e saber dizer não, se seguirmos padrões teremos todos a mesma cara, o mesmo corpo. A maneira mais inteligente de resolver a questão é perguntar para o paciente, por quanto tempo pensa nisso? Se pensou pouco, oriento que pense mais, para juntos encontrarmos uma solução que possa nos trazer um resultado satisfatório e agradável para o paciente.”

E ainda acrescenta que beleza é um processo de exteriorização de uma beleza já existente internamente, um estado de espírito.

E se for inevitável para o bem estar pessoal, analisamos o conjunto. E se não houver contraindicação partimos para intervenção, que deverá trazer o alívio e o conforto tão desejado.

Confesso que desejar o queixo de Cleo Pires foi curioso e, surpreendente, para mim nessa pesquisa de transformação. Não que seu queixo seja feio, pelo contrário. É que percebi que algumas pessoas se veem em partes e quando uma delas não lhe agrada,  querem uma intervenção de transformação, sem medir esforços.

A conclusão que chego é que no fundo somos todos um pouco “trans”, de transformar aquilo  que não nos agrada, seja em menores escalas ou em maiores. E o que o importa, apesar do “padrões” e exigências atuais impostos quase de forma cruel, é nos sentirmos confortáveis dentro de nós mesmos e agradáveis dentro do nosso corpo, para seguirmos adiante, transformado ou não.

 

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