Festival PIB celebra a música instrumental dia 09 na Casa das Caldeiras

Shows, exposições, oficinas, intervenções artísticas e feira cultural. Estas são algumas da atrações da 11ª edição do Festival PIB – Produto Instrumental Bruto que promove a música instrumental contemporânea e inovadora nos diversos estilos. O evento será domingo (09), a partir das 15h, na Casa das Caldeiras, em São Paulo, com entrada gratuita.

Uma das novidades é que pela primeira vez o festival apresentará um recorte bem diversificado da cena paulistana com as 5 bandas selecionadas: Kaoll, Mescalines  , O Grande Ogro , Ralo e Zumbi e o Folclore. Em entrevista exclusiva ao portal Acontece Jundiaí, Inti Queiroz, curadora e produtora executiva do Festival, detalha que a ideia de destacar o cenário musical paulista surgiu justamente pelo fato de nunca ter feito esse tipo de seleção.

“Em todas as edições sempre tinha alguma banda de outro estado ou do interior. No mapeamento é possível perceber que mais de 40% das bandas são da cidade de São Paulo. Acho que esse recorte é também uma necessidade apontada pelo mapeamento”, avalia.

Questionada sobre os 11 anos de existência do PIB, ela afirma que trata-se de um festival pioneiro com a proposta de mostrar a produção instrumental não tradicional de bandas com repertórios 100% autorais.“Não havia nada parecido antes do PIB. Hoje tem outros festivais com recortes parecidos. Acho que dá pra dizer que incentivamos a criação de centenas de bandas do tipo, juntamos a cena e inspiramos parcerias. Para mim essa é a parte mais importante. O festival é da cena. Ele reflete a cena. Essa é a parte importante dessa nossa trajetória. Muitas bandas que começaram com a gente hoje tocam em grandes festivais pelo mundo. Isso nos deixa bem feliz”, avalia Inti que é linguista, filóloga, produtora cultural.

Sobre a seleção das cinco bandas, ela explica que a escolha foi por diversos fatores: música, produção, participação na cena, interação com o público, últimos shows em 2018, entre outros. “O importante é que juntas elas façam um bom time, com suas diferenças e semelhanças e possam trazer uma boa experiência a quem estiver assistindo”, frisa. Segundo a produtora, como a proposta do PIB é mapear a atual da cena da nova música instrumental, geralmente as bandas selecionadas refletem esse momento atual. “Trazendo os estilos musicais mais fortes no momento e o que as pessoas que estão em contato com essa cena querem ouvir.”

Além dos shows, o festival também contará com DJs, oficinas, exposições, feira cultural e intervenções artísticas que buscam mostrar os diálogos possíveis da nova música instrumental com outras linguagens de arte e cultura. A curadoria das exposições de artes visuais é responsabilidade do artista plástico Fabio Quaglio.

Outra novidade desta edição é que primeira vez no PIB será realizada uma oficina/workshop ministrada por Inti Queiroz. “Propus a atividade para pensarmos juntos o futuro da produção cultural brasileira. Achei que era uma forma de trazer o festival para um debate essencial nesse momento tão difícil para a cultura e também uma forma de unir meu outro lado de professora de gestão cultural e poder contribuir coma reflexão dentro da cena da nova música instrumental”, afirma.

Quanto ao futuro do PIB, ela arrisca dizer que não sabe se o festival continuará acontecendo nos próximos anos. “Pois tenho outros planos para minha vida pessoal no futuro e talvez não seja mais possível fazê-lo. Mas de qualquer forma acho que plantamos a semente e a cena já ganhou vida própria, não pautada pela música instrumental mais tradicional inspirada no jazz brasileiro, mas uma cena com uma linguagem própria, de vanguarda, século XXI. Outros festivais na mesma linha acabaram surgindo. O importante é que as pessoas venham conhecer o PIB enquanto ele ainda existe e resiste”, avisa.

Festival PIB celebra a música instrumental na Casa da Caldeiras em São Paulo
Festival PIB celebra a música instrumental na Casa da Caldeiras em São Paulo

Os shows

A partir das 16h30 o público do PIB conhecerá a produção autoral das cinco bandas selecionadas. A abertura será com os músicos do Kaoll que apresentarão suas experiências e reflexões sonoras. Em seguida será a vez do Mescalines levar ao palco sonoridades sensíveis e psicodélicas. O Grande Ogro compartilha seu experimentalismo que mescla o hardcore oitentista e o pós-rock. A banda Ralo vai mostrar seu stoner rock potente e o Zumbi e o Folclore retratará sua mistura da música brasileira contemporânea com sonoridades da world music.

Para Yuri  Garfunkel -flauta transversal e viola caipira – que também assina as composições da banda Kaoll com Bruno Moscatiello ( guitarrista, compositor e fundador do grupo instrumental), o Festival PIB é um marco para a cena instrumental alternativa. “Estar entre as bandas selecionadas representa para nós um grande reconhecimento do trabalho que desenvolvemos há 10 anos, na contramão das tendências de mercado, procurando transmitir críticas e conceitos através da música sem palavras. Estamos muito satisfeitos em abrir os trabalhos para um domingo muito especial. Será um grande encontro entre bandas e público bem diversificados, unidos sob a bandeira do instrumental”, afirma.

Kaue Puttini, baixista da banda Zumbi e os Folclores, avalia a escolha da banda como uma forma de reconhecimento pelo do trabalho produzido. “Muito orgulho por sermos selecionados. Sabemos que a cena instrumental é bem precária, poucas bandas conseguem chamar atenção e quando chama, é meio que de um público “seleto”. Temos que batalhar para que essa cultura instrumental chegue nas periferias, nas rádios, etc. Todos deveriam ter acesso à cultura em toda sua forma. Esperamos que um dia possamos ser ouvidos por todas as classes sociais e que nossa mensagem seja passada com clareza”, ressalta.

O guitarrista Zema Athayde, da Ralo Band,  conta que participar como o PIB, de extrema importância para artistas instrumentais, sempre foi um objetivo dos músicos do grupo. “Já havíamos sido selecionados para participar da quarta edição que, infelizmente, por motivos de força, maior não aconteceu.Sermos convidados novamente ao lado de grandes outros artistas com diferentes estilos nos deixa muito felizes e orgulhosos. Estamos ansiosos para o festival que vai mais uma vez reunir bandas instrumentais num país em crise. A expectativa é grande”, declara.

Para os músicos do Mescalines, estar entre a bandas selecionadas é  muito gratificante. “Ter uma proposta como essa para música instrumental é algo louvável e fortalece muito a música de uma visão geral. A expectativa é grande vamos aproveitar como se fosse o último show de nossas vidas.”

Os músicos da banda O Grande Ogro também concordam que estar no PIB representa um expressivo reconhecimento do trabalho do grupo. “É uma grande oportunidade adquirida para conhecer outras bandas e para fortalecer o cenário instrumental paulista e brasileiro. Estarmos entre as escolhidas é um sonho realizado.”

PROGRAMAÇÃO:

15h – Abertura da casa – Início Feira cultural
15h – DJs
15h30 – Início visitação exposições de artes visuais – Curadoria Fabio Quaglio
15h30 – 16h30 Oficina de produção cultural – O que será do futuro da produção cultural no Brasil? Com Inti Queiroz
16h30 – Início dos shows com a banda Kaoll
17h40 – Show banda Mescalines
18h50 – Show banda O Grande Ogro
19h40 – Intervenção artística – Dança contemporânea
20h – Show banda Ralo Band
21h10 – Show Zumbi e o Folclore

(*Sujeita a alterações)

Serviço:
Festival PIB 2018 – Produto Instrumental Bruto:
Data: 09 de dezembro de 2018 – das 15h às 22h
Local: Casa das Caldeiras – Av. Francisco Matarazzo 2000, Água Branca – São Paulo – SP.
Entrada Franca e censura livre.

Ellen Fernandes
Fotos:Marcus Bastos/Divulgação PIB

 

 

 

 

 

 

 

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