Ave Sangria apresenta as inéditas de ‘Vendavais’ no Sesc Jundiaí

Mesclar o rock com ritmos nordestinos, dando vida a uma sonoridade psicodélica e contemporânea. É com a mesma proposta de 45 anos atrás que a banda pernambucana Ave Sangria lançou recentemente o álbum de inéditas, “Vendavais”. Nesta quinta-feira (02/05), o público de Jundiaí e Região poderá presenciar a volta do grupo ao vivo no Teatro do Sesc Jundiaí, às 20h. Além das novas canções, hits como “O Pirata”, “Dois Navegantes”, “Hey Man” também devem fazer parte do repertório da banda, considerada a mais cultuada da psicodelia pernambucana.

Surgida nos anos 70 com o nome Tamarineira Village, uma alusão ao Greenwich Village de Nova York, à Vila dos Comerciários, onde a maioria dos músicos morava, e ao bairro da Tamarineira onde ficava o Hospital da Tamarineira, versão pernambucana do Hospital Pinel, do Rio. Seu nome foi mudado por sugestão de uma cigana que os músicos conheceram numa estrada no interior da Paraíba, que os chamou de “um bando de aves sangrias”.

Logo em seguida foi contratada pela gravadora carioca Continental, para lançar um disco com o nome do grupo. Cerca de um mês e meio depois do lançamento, porém, o disco foi proibido pela Censura Federal da ditadura militar, sendo recolhido das lojas e das rádios, sob a alegação de que a música “Seu Waldir” ia “contra a moral e os bons costumes da sociedade pernambucana”. Ainda assim a banda continuou no imaginário popular como criadora de um dos clássicos do movimento underground recifense, ao lado de “Paebiru”, de Zé Ramalho e Lula Côrtes,  “No sub-reino dos metazoários”, de Marconi Notaro, “Flaviola e o Bando do Sol”, de Flaviola (nome artístico de Flávio Lira) e “Satwa”, de Laílson e Lula Côrtes”.

Após passar um longo período afastada dos palcos, a banda começou a ser redescoberta pela juventude em 2008, graças à internet, e voltou com tudo em 2014, com quatro de seus seis integrantes originais num show apoteótico (cujos ingressos se esgotaram no mesmo dia em que foram oferecidos ao público) no Teatro de Santa Isabel onde, 40 anos antes, havia encerrado provisoriamente sua trajetória com o espetáculo Perfumes & Baratchos. No mesmo momento relançou seu disco original de estúdio, desta vez não só em vinil como também em CD, e outro que registrava a apresentação do último show em 1974.

Após diversos reencontros comemorativos e em festivais como Pré-AMP e Guaiamum Treloso Rural, finalmente no último dia 26 de abril de 2019 o grupo lançou seu segundo disco, Vendavais, que está disponível nas plataformas digitais.  Exceto pela instrumental “Em órbita”, nascida no estúdio, as composições de “Vendavais” são todas da primeira encarnação do grupo, compostas entre 1972 e 1974. A gravação foi realizada no estúdio Órbita, comandado por Carlos Trilha, no Rio de Janeiro, em 2018. A capa surrealista é de Neilton, da banda pernambucana Devotos.
As composições, divididas entre os remanescentes Marco Polo (vocal), Almir de Oliveira (guitarra/violão/vocal) e Paulo Rafael ((guitarra/viola), seguem entoando discursos a favor da liberdade de expressão, com críticas sociais e psicodelismos divertidos, que abrem espaço para múltiplas interpretações. Na nova formação, Juliano Holanda assume o baixo e vocais, Gilu Amaral nas percussões e Júnior do Jarro na bateria e vocal. A ideia do grupo é fazer o lançamento do álbum entre setembro e outubro, numa edição limitada em vinil. Em entrevista ao Diário de Pernambuco, Almir de Oliveira declarou: “Ouvi uma amiga dizer que nós renascemos. Na verdade, estamos continuando o que paramos, pois não morremos nunca. Estamos eternizados pela ação da juventude e voltamos em uma época em que está sendo necessário dizer o que a Ave Sangria diz”.

Serviço:
Ave Sangria
Dia 2. Quinta, 20h
Teatro | 220 lugares
Venda limitada a 2 ingressos por pessoa

Da Redação
Foto:Divulgação/Facebook Ave Sangria

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