Carlos Calado desmistifica o jazz em bate-papo no Sesc Jundiaí dia 12/10
“Jazz é música para todos. Basta começar a ouvir para se apaixonar”. Assim o jornalista, crítico musical e mestre em artes pela USP, Carlos Calado, define o gênero musical reverenciado na 2ª edição do festival Sesc Jazz que prossegue até dia 27 de outubro com apresentações de 26 artistas diferentes e atividades normativas. Neste sábado (12), às 16h, Calado ministrará a palestra “Como ouvir jazz sem medo”, na Sala Múltiplo Uso 2 do Sesc Jundiaí. A atividade gratuita é dirigida a qualquer interessado em se familiarizar com o universo do jazz. As vagas são limitadas e é preciso retirar os ingressos uma hora antes na Central de Atendimento da unidade.
Além de expor seus conhecimentos sobre o tema, Calado que desde os anos 1980 escreve sobre shows, festivais e discos, abordará temas para desmistificar a suposta dificuldade que algumas pessoas teriam para apreciar o jazz. Em entrevista exclusiva ao Portal Acontece Jundiaí, Calado faz considerações sobre o universo do jazz e dá dicas para quem deseja saber mais sobre o gênero musical. “A grande diversidade de estilos que o jazz gerou em mais de um século de evolução é, em minha opinião, um dos maiores atrativos desse gênero musical”, analisa o crítico que atualmente escreve para os jornais “Folha de S.Paulo” e “Valor Econômico” e é autor dos livros “O Jazz como Espetáculo” e “Jazz ao Vivo”, “A Divina Comédia dos Mutantes”, “Tropicália: A História de uma Revolução Musical”,entre outros. Confira!
ACONTECE JUNDIAÍ: O que você considera mais interessante neste universo do jazz?
CARLOS CALADO: Além do fato de o jazz utilizar o recurso da improvisação como um método espontâneo de composição, a grande diversidade de estilos que o jazz gerou em mais de um século de evolução é, em minha opinião, um dos maiores atrativos desse gênero musical. Aliás, praticamente todos os estilos do jazz (swing, bebop, cool, hard bop, free, fusion, por exemplo) continuam a ser cultivados, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, no Japão ou mesmo no Brasil.
ACONTECE JUNDIAÍ:Sua proposta na palestra é desmistificar a suposta dificuldade em escutar o gênero. Dessa forma, qual sua dica para quem deseja se iniciar no jazz?
CARLOS CALADO: Em primeiro lugar, sugiro ir a um clube de jazz ou, melhor ainda, assistir a alguns shows de um festival de jazz, como o Sesc Jazz. Ouvir jazz ao vivo, com os músicos em carne e osso à sua frente, não se compara os que sentimos ao ouvir uma mera gravação. Como o jazz é uma música bastante expressiva, a experiência de se ver e ouvir essa música ser criada à sua frente é sempre mais enriquecedora.
Outra dica é começar ouvindo álbuns de jazz que são conhecidos por já terem convertido muitos fãs de outros gêneros musicais. Este é o caso de discos como “Kind of Blue” (de Miles Davis), “Love Supreme” (de John Coltrane), “Time Out” (de Dave Brubeck), “Moanin” (de Art Blakey and Jazz Messengers) ou “Ellington at Newport” (de Duke Ellington). Quem se dispuser a ouvir esses discos dificilmente vai se arrepender.
ACONTECE JUNDIAÍ: A reportagem do portal Acontece Jundiaí assistiu ao show da Sun Ra Arkestra no Sesc Jundiaí no último dia 10. Foi notável a diversidade de público, com presença significativa de jovens. Pela sua vivência, acredita que há um interesse maior das novas gerações sobre o estilo musical?
CARLOS CALADO: É comum ouvirmos por aí que muitos jovens de hoje só se interessam por rock, pop ou hip-hop. Isso é uma falácia. Assim como o fato de eu ter ouvido muito rock e música brasileira em minha adolescência não impediu que eu me apaixonasse pelo jazz, há muitos jovens por aí que são fanáticos por jazz. Também estive no show da Sun Ra Arkestra, em São Paulo, e era fácil perceber que havia diversas gerações na plateia do Sesc Pompeia. Como costumo dizer em minhas palestras, o jazz é música para todos. Basta começar a ouvir para se apaixonar.
Programação
O Sesc Jazz começou em Jundiaí na quarta-feira (09) e já teve shows das bandas Ozma Quintet (França), Sun Ra Arkestra (Estados Unidos), Kamaal Williams (Inglaterra). Às 19h deste sábado, a atração será a parceria inédita da flautista María Toro e o pianista Chano Domínguez mostram o jazz flamenco que os une, com influências galega e moura. O festival encerra no domingo (13), com show da baterista Terri Lyne Carrington and the Social Science Community (Estados Unidos) ,às 18h, no teatro. Terri, que é vencedora do Grammy, apresenta novo projeto com faixas de “Waiting Game”, que será lançado em novembro pelo selo Motéma. Confira a programação completa em Sesc Jazz.
Serviço:
Palestra gratuita “Como ouvir jazz sem medo”, por Carlos Calado
Sábado (12), às 16h
Sala Múltiplo Uso 2 do Sesc Jundiaí
Retirada dos ingressos uma hora antes na Central de Atendimento da unidade
Ellen Fernandes
Foto:Divulgação