Filipe Catto celebra o Universo de Gal Costa no Sesc Jundiaí

O público de Jundiaí e Região terá a oportunidade de prestigiar um tributo musical ao Universo da diva Gal Costa na voz e interpretação poderosa da Filipe Catto, em um espetáculo aclamado pelo público e pela crítica. Os ingressos para o show que acontece na noite desta quinta-feira (28/03), no Teatro do Sesc Jundiaí, estão esgotados.

Em entrevista exclusiva ao Portal Acontece Jundiaí, a cantora, compositora, instrumentista, produtora musical, designer e diretora audiovisual, Catto, detalha sobre “Belezas são coisas acesas por dentro”, projeto que estreou como espetáculo em maio de 2023 e depois ganhou registro em estúdio que ocupou o topo da lista de álbuns mais vendidos no iTunes Brasil nas primeiras 24 horas após o lançamento,

A produção move uma legião de fãs e apaixonados pelas obras de Catto e Gal, que além do talento inegável partilham a mesma data de aniversário (26 de setembro). A apresentação reúne sucessos como “Tigresa”, “Vaca Profana”, “Vapor Barato” e “Nada Mais”, além das recentes “Recanto Escuro” e “Jabitacá” e conta com roteiro assinado pela própria Catto ,em parceria com Ismael Caneppele e Cris Lisbôa.

Na companhia do power trio formado por Fábio Pinczowski (guitarra e direção musical), Gabriel Mayall (baixo) e Michelle Abu (bateria),  Catto resgata durante 90 minutos as canções clássicas e outras lançadas nos últimos anos de vida da cantora, compositora e multi-instrumentista baiana que faleceu em novembro de 2022. 

A gaúcha radicada em São Paulo se tornou uma das mais completas e relevantes artistas da sua geração. Ao longo de seus 15 anos de carreira, lançou 7 registros em estúdio, acumulou prêmios importantes e colaborou com um grande leque de artistas brasileiros. Confira a entrevista com essa artista:

ACONTECE JUNDIAÍ:  Você considera esse trabalho com um divisor na sua carreira? Um desafio que mudou seu olhar, te impulsionou ainda mais nessa jornada da auto descoberta?

FILIPE CATTO: Esse trabalho foi uma grande surpresa. A gente fez ele com toda a despretensão do mundo, com todo o coração, e foi uma catarse, uma catarse muito bem-vinda. Fiquei muito feliz com a recepção desse trabalho, esse disco que nasceu de um show que a gente apresentou há quase um ano, em maio de 2023, e que me impactou muito.

Quando eu fui fazer ele no palco, nós resolvemos gravar o disco, pegando os melhores momentos do show, como um registro também. Como eu trabalho muito no ‘Faça Você Mesmo’, tenho uma equipe de parceiros que gosta de registrar as coisas que a gente vem fazendo. Então, poder fazer o disco no começo era só mesmo isso, era um registro do show que a gente tava fazendo, um presente.

Para os fãs, um tributo mesmo, uma oferenda pra Gal, e isso foi uma grande surpresa. Acho que os trabalhos, eles falam por si só. Sempre fui muito devota da magia, do mistério que existe dentro de um trabalho artístico, e o ‘Beleza São Coisas Acesas por Dentro’ é a prova mesmo de que a magia existe, que quando uma coisa quer acontecer, quer aparecer pro mundo, ela simplesmente vai lá e acontece.

Quem é Gal Costa para Filipe Catto? Como você define essa artista e a importância dela em sua carreira, sua formação?

Pra mim, a Gal Costa é um símbolo da contracultura, ela é um símbolo de feminilidade muito poderosa, ela é uma mulher que inspira muita liberdade. Então, a Gal Costa, pra mim, além de tudo isso, é uma mulher LGBTQIA, PN+, e por isso mesmo, por saber tudo que tá por dentro daquele canto, tudo que ela sente, né? Eu acho que, assim, se hoje a gente ainda vive num lugar extremamente preconceituoso, eu acredito que a Gal, pra poder viver sua afetividade, sua vida de forma plena, teve também que ser ultra libertária, ultra forte.

Então, ela é uma pessoa que sempre inspirou muito a mim, a minha comunidade, e pra além disso, eu acho que a Gal não é só uma das maiores cantoras que existiram e que existirão no mundo, mas ela é uma grande esteta, né? A Gal Costa tem discos impecáveis, a discografia impecável, a maneira como ela se portava, a poesia que ela canta, sempre. Inspirou muito, sabe? Então, eu tenho essa relação não só da Gal Costa como voz, mas como uma pessoa pensante, uma pessoa que tinha um conceito, uma estética, uma bandeira artística muito definida e que mudou para sempre o Brasil. Ela foi, acho que, a grande, uma das grandes artistas do século 20 e 21.

Filipe Catto se apresenta com o power trio formado por Fábio Pinczowski, Gabriel Mayall e Michelle Abu  (Crédito: Rafael Strabelli) 
Filipe Catto se apresenta com o power trio formado por Fábio Pinczowski, Gabriel Mayall e Michelle Abu (Crédito: Rafael Strabelli) 

Além da interpretação vocal, o espetáculo também se destaca pela sua presença vibrante no palco. Como tem sido sua preparação para viver esse momento? Já teve alguma experiência ‘espiritual’, ´’mística’ nos palcos?

Para mim o palco é um lugar de absoluto misticismo. Eu sou bem respeitosa com o espaço do palco. E tenho meus rituais para estar ali. Então para fazer o ‘Belezas’ foi uma celebração da minha feminilidade, de um lugar, de um encontro com o meu corpo, com a nudez. Sempre fui uma pessoa com muito problema de disforia, sofri muito com minha autoimagem. Sempre foi uma coisa muito pesada pra mim, ter que me encara dentro da minha transgeneridade, dentro da minha afirmação de gênero,
Então quando chegou esse momento que eu estava me sentindo realmente poderosa, liberta, depois de um grande processo de muitos anos de afirmação de gênero , eu sinto que o placo também virou o lugar de um tesão incrível.

Claro tem um misticismo, mas pra mim o misticismo e o tesão se encontram dentro do giro da libido que resiste na música e no corpo. Então ali, pra cima de qualquer misticismo e tem misticismo pra caralho pq é o que eu sou, o que eu sinto no palco do ‘Belezas’ é um tesão absurdo de cantar aquelas música, me sinto extremamente possuída por aquelas palavras.

E quer dizer algo sobre o que público do Sesc pode esperar pelo show?

O show será muito acolhedor.  O ‘Belezas’ é um show que homenageia Gal, mas ele também é uma comunhão com as pessoas, porque essas músicas, elas não são só a minha história que está sendo contada porque é a minha história, é a história de Gal, é a história de todas nós sendo contadas nessas músicas. Então eu acho que esse trabalho, ele tem essa qualidade que me emociona muito de ser um abraço nas pessoas, né? De ser um grande gozo coletivo através desse repertório consagrado e que é tão importante, tão amado por nós, né?

Confira a viagem visual do disco “Belezas são Coisas Acesas por Dentro”:

Escute: https://tratore.ffm.to/belezas

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Ellen Fernandes
Fotos: Pedro Karg (capa) e Rafael Strabelli (interna no palco)  

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