Festival Delas destaca protagonismo das mulheres na arte

Para a escritora Virginia Woolf, reconhecida por sua obra essencialmente feminista, ser mulher significava ter o mundo todo como seu país, indicando a necessidade de transpor barreiras para denunciar as opressões e lutar pela igualdade de direitos. No caso do Festival Delas, essa busca se dá através da arte e vai além, proporcionando espaços de compartilhamento, vivência e intercâmbio entre artistas e público.

O coletivo Corpo Aberto apresenta “Rito de Mulheres” no Sesc / Foto: Zarella Neto

O festival, que acontece a partir do dia 6 de março e ocupará diversos espaços da cidade, é idealizado pelas artistas e produtoras Isadora Reis, Katia Manfredi, Mariana Benatti e Paula Pimenta. Surgido em 2015, o evento tem como proposta reunir diversas artistas para pensar, produzir e apresentar arte a partir da pluralidade de identidades das mulheres latino-americanas – juntas, elas são mais de cinquenta envolvidas na programação deste ano. “É urgente falar sobre a visibilidade da mulher em Jundiaí. Temos mais de 400 mil habitantes e nenhuma vereadora, por exemplo. Não há representatividade. É preciso construir espaços de questionamento, com mulheres nas mais diversas frentes de trabalho, inclusive na arte”, comenta Katia Manfredi, produtora do festival.

Segundo o último senso do IBGE, elas são mais de 51% da população jundiaiense. Além de ocupar espaços do Sesc Jundiaí, a terceira edição do Delas terá atividades na Biblioteca Professor Nelson Foot, na Sexta no Centro, no Parque da Cidade, na Galeria Fernanda Perracini Milani e no Terminal Central. A programação começa no dia 6 de março e segue até maio. Batepapo, cinema, música e exposições são algumas das atividades, todas gratuitas à população.

O destaque deste ano é a exposição “Não há perguntas para todas as respostas”, que vai apresentar a partir do dia 17 de março as subjetividades e a pluralidade de diferentes gerações de artistas – as brasileiras Andréia Dulianel, Carolina Whitaker, Viviane Almeida, Berna Reale, Carolina Velasquez e Marcela Tiboni, e as argentinas Graciela Sacco e Sol Casal. Com curadoria de Isadora Reis, a mostra segue até 27 de maio no espaço expositivo do Sesc.

Uma segunda mostra com artistas da região vai acontecer na Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani em abril. Um chamamento será aberto no início de março na página do evento no Facebook.

O início do Festival Delas será no dia 6 de março. Às 19h no Sesc Jundiaí, o bate-papo “Corpos Marginais e a Música” recebe Alice Almeida, Camila Godoy, Alice Guél, Mc Dellacroix e Danna Lisboa, mulheres trans que convivem diariamente com marginalização de seus corpos e trabalhos, para discutir a conquista dos espaços, produção e visibilidade no mercado musical.

Em seguida, na sexta (9), o projeto Sexta no Centro vai receber o grupo Coco das Águas Doces a partir das 18 horas. Mais tarde no mesmo dia, o Cineclube Consciência exibirá filmes produzidos e dirigidos por mulheres na Biblioteca Pública Municipal Professor Nelson Foot às 19h. Outras duas sessões de cinema acontecerão nos dias 23 de março e 6 de abril, também na biblioteca. Na última será exibido o premiado “Meu Corpo é Político” (2017), da diretora paulistana Alice Riff, que narra o cotidiano de quatro personagens e revela um universo efervescente em que cultura e militância se misturam. Após as sessões haverão bate-papos com Ana D’Andrea e Julia Canineo (Cineclube Consciência).

A partir do dia 13, uma oficina realizada pelo grupo Joanas, que aborda aspectos do feminismo em suas obras, vai criar e espalhar lambe-lambes pela cidade. Serão quatro encontros e apenas 20 vagas. As inscrições acontecem no Espaço de Tecnologia e Artes do Sesc em duas datas, 1º (credencial plena) e 4 de março (público geral). Encerrando o mês, mas não a programação, o grupo Baque Delas vai fazer a festa em ritmo de maracatu para quem estiver no Parque da Cidade no dia 25. A atividade integra o projeto Cultura nos Parques, da Unidade de Gestão de Cultura.

Em abril, no dia 1º

, o coletivo Corpo Aberto apresenta “Rito de Mulheres” no teatro do Sesc. O espetáculo é baseado em memórias do universo feminino e na representatividade da mulher como força de resistência. Os interessados deverão retirar os ingressos com uma hora de antecedência na Central de Atendimento da unidade.

Outras ações acontecerão ao longo do evento. No Terminal Central, por exemplo, grafiteiras criarão um painel que será exposto no local. A programação detalhada do Festival Delas pode ser conferida na página no Facebook. Serão inúmeras oportunidades de apreciar a arte feitar por mulheres e refletir acerca das diferentes questões que permeiam a existência e a resistência feminina.

Quem tem medo do feminismo?

Com essa questão o Sesc convida o público a participar ainda da programação em celebração ao Dia Internacional da Mulher, com atividades durante todo o mês de março. São shows, espetáculos, filmes, contações de histórias, oficinas e bate-papos. Entre os destaques estão a “Ocupação Sangria”, com trabalhos da poeta Luiza Romão, bate-papo com a filósofa Djamila Ribeiro, e os shows de Elba Ramalho, Ava Rocha e Fernanda Takai.

 

Da Redação
Fotos: Divulgação

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