Sonora Brasil traz ao Sesc Jundiaí grupos típicos da região nordeste

Em sua 21ª edição, o projeto Sonora Brasil apresenta o tema ‘Na pisada dos cocos’, que vem sendo desenvolvido no biênio 2017/2018, com a participação de quatro grupos. São eles: Coco de Zambê (2/10), Coco do Iguape (3), Coco de Tebei (4) e Sama de Pareia da Mussuca (5). Para elucidar e colocar o espectador no clima das apresentações, o Sesc Jundiaí exibe, no primeiro dia do projeto na unidade, o filme ‘Caminhos do Coco’.

Coco de roda, samba de coco, coco de zambê, coco de pareia, coco furado, coco de embolada… São muitas as variantes que justificam a denominação “cocos”, sempre no plural. ‘Na pisada dos cocos’ apresenta variantes dessa expressão lítero-cênico-musical típica da região Nordeste, trazendo dois grupos que praticam cocos do litoral e dois do interior. É uma prática coletiva encontrada em áreas urbanas e na zona rural, onde a dança e a música, integradas, estão presentes nos terreiros, nas festas populares e em ritos religiosos. Cantadores e dançadores são acompanhados ora por instrumentos de percussão ora por palmas ou pela batida dos pés que marcam o andamento, simulando a pisada que prepara o chão batido.

O projeto

O Sonora Brasil é considerado o maior projeto de circulação musical do país, realizando aproximadamente 450 concertos por ano, passando por mais de 100 cidades, a maioria distante dos grandes centros urbanos. O projeto cumpre a missão do Sesc de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra de fundamentação artística não comercial. O projeto vem sendo desenvolvido desde 1998 e tem curadoria formada por profissionais de música do Sesc de todos os estados.

Os grupos

COCO DE ZAMBÊ (PE)

É principalmente no município de Tibau do Sul, litoral do Rio Grande do Norte, que encontramos o Coco de Zambê, expressão cultural que, segundo pesquisadores, chegou aos engenhos de cana-de-açúcar e colônias pesqueiras da região através de africanos escravizados.

O grupo é formado por Didi (Djalma Cosme da Silva), Uzinho (Severino de Barros), Tonho (Antonio Cosme de Barros), Mestre Mião (Damião Cosme de Barros), Zé Cosme (José Cosme Neto), Kéké (Ckebesson da Silva), Pepé (Ederlan da Silva), Beto (José Humberto Filho de Oliveira).

COCO DO IGUAPE (CE)

Aquiraz fica a 30 Km de Fortaleza, no litoral cearense, e a Praia do Iguape, localizada neste município,  que foi a primeira capital do estado do Ceará, é onde moram os integrantes do grupo. Eles praticam a pesca artesanal, principal atividade econômica da região, e são liderados pelos mestres Raimundo da Costa, que desde os dez anos de idade, como ele mesmo conta, pratica o coco de embolada e Chico Caçuêra.

O grupo é formado por Mestre Chico Caçoeira (Francisco Renato das Chagas), Klévia do Iguape (Klévia Cardoso da Silva), Renato Cabral, Wellington Monteiro, Gatinho (João Anastácio de Carvalho), Caboquim (José Ailton da Costa Miranda), Altamiro da Costa e Adonai Ribeiro.

COCO DE TEBEI (RN)

Esse coco é praticado por um grupo de agricultores e tecelões da comunidade Olho D’Agua do Bruno, na cidade de Tacaratu, Pernambuco, localizada na região do Médio São Francisco, próximo à divisa com Bahia e Alagoas. A paisagem local é típica do sertão nordestino: terra seca, casas esparsas e muito precárias, mandacaru e alguma criação animal.

O grupo é formado por pelas cantadeiras Maria do Carmo de Jesus, Nivalda Rosa Gomes do Nascimento e Maria Nazaré Nunes dos Santos e pelos dançadores José Lira dos Santos e Janaína Maria dos Santos, Edna Nivalda do Nascimento Silva e Agnaldo José da Silva, Genivaldo Lira dos Santos e Edilane dos Santos.

SAMBA DE PAREIA DA MUSSUCA (SE)

O Povoado de Mussuca fica no município de Laranjeiras, a 23 Km de Aracaju, capital do estado de Sergipe. É uma comunidade de remanescentes quilombolas que se empenha para manter as tradições herdadas de seus antepassados, como a Dança de São Gonçalo e o Samba de Pareia. A pesca e a cata de crustáceos, como o caranguejo e o sururu, são atividades econômicas tradicionais que envolvem muitas famílias, e se desdobram numa culinária atraente que contribui para o desenvolvimento da economia local.

O grupo é liderado por uma mestra, Dona Nadir, o que é raro nos grupos de tradição, onde as funções de liderança normalmente cabem aos homens, e conta também com a participação de Mangueira (Acrisio dos Santos), Carmélia dos Santos, Elenilde da Silva, Maria Edenia dos Santos, Maria Ednilde dos Santos, Cecé (Maria José dos Santos), Maria Lucia Santos, Maria Luiza dos Santos, Maria José dos Santos e Normália dos Santos.

Serviço

Confira a programação do Sonora Brasil no Sesc Jundiaí:

http://bit.ly/sonorabrasilSJ

EXIBIÇÃO

CAMINHOS DO COCO

Dir.: Joice Temple. BRA, 2016, 91 min.
Uma das manifestações artísticas mais características da cultura nordestina é a música. Com os diversos ritmos que percorrem o litoral e o sertão, passando por quilombos e áreas rurais, essa expressão artística se apresenta ao mundo como parte da cultura popular nordestina, tão rica quanto variada.

Dia 2. Terça, 18h
Teatro | 220 lugares | Livre | Grátis
Retirada de ingressos 1h antes, na Central de Atendimento.

SHOWS

COCO DE ZAMBÊ (RN)

Dois tambores estão presentes na maioria dos grupos que praticam o Coco de Zambê. A música se caracteriza como um canto responsorial, puxado pelo mestre e respondido pelo coro de vozes, e a dança acontece numa roda que mantém ao centro os tocadores. Os brincantes se revezam reverenciando o tambor e realizando passos livres de grande energia que lembram movimentos da capoeira e do frevo.
Dia 2. Terça, 20h
Área de Convivência | Livre | Grátis
Duração estimada: 90 minutos

COCO DO IGUAPE (CE)

Os instrumentos utilizados pelo grupo são o caixão (espécie de Cajon), que é feito de madeira em forma de caixa, permitindo que o tocador fique sentado sobre o instrumento, e o ganzá, espécie de chocalho feito com latas reutilizadas, ambos fabricados pelos próprios integrantes. O triângulo, pouco encontrado em grupos de coco, foi inserido a partir de influências externas.
Dia 3. Quarta, 20h
Área de Convivência | Livre | Grátis
Duração estimada: 90 minutos

COCO DE TEBEI (PE)

O Coco de Tebei é cantado por mulheres e dançado por casais. Não utiliza instrumentos e a base rítmica é marcada pela pisada dos dançadores. A sonoridade que resulta do canto somado ao ritmo da pisada nos remete a uma ritualística indígena, que se caracteriza pelo contraste de timbre entre o metal das vozes femininas e o som seco da pisada no chão, e pela ausência de nuances em cada um dos elementos.
Dia 4. Quinta, 20h
Área de Convivência | Livre | Grátis
Duração estimada: 90 minutos

SAMBA DE PAREIA DA MUSSUCA (SE)

O Samba de Pareia é dançado por mulheres, contando com a presença de homens apenas como tocadores que sustentam o ritmo com dois tambores médio-graves e uma porca (cuíca). Completa a instrumentação um ganzá, tocado por uma das mulheres, e, o principal elemento rítmico, a pisada dos tamancos das dançadeiras. O grupo é liderado por uma mestra, Dona Nadir.
Dia 5. Sexta, 20h
Área de Convivência | Livre | Grátis
Duração estimada: 90 minutos

 

Da Redação
Foto: Divulgação

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