“Ten Years Barbecue”celebra os 10 anos da banda Kaoll
Da sede de conquistas, aos rascunhos na busca por um caminho autoral e instrumental, com influências do progressivo, psicodélico, jazz, rock e música brasileira, a banda Kaoll comemora 10 anos de viagem musical. São quatro álbuns, mais de 350 apresentações em 17 estados brasileiros e na Europa, além de parcerias de peso como o lendário guitarrista Lanny Gordin. Para celebrar a data, comemorada na última quarta-feira (26/09), o grupo lançou nas plataformas digitais a coletânea “Ten Years Barbecue” com canções dos álbuns de estúdio e faixas ao vivo.
Além do álbum, toda a trajetória da banda com fotos e flyers desta década de vivências musicais está disponível em um encarte produzido pela Sopa Art Br disponível no site. Neste material, há detalhes da jornada iniciada na zona oeste de São Paulo em 26 de setembro de 2008 quando Bruno Moscatiello, guitarrista, compositor e fundador, arquitetou a primeira apresentação do grupo instrumental.
Desde então, a banda contou com a passagem de vários músicos; experiências sonoras nos álbuns “Kaoll 04″ (2008), “Kaoll & Lanny Gordin: Auto-Hipnose”(2010), “Kaoll: Odd”(2014) e “Kaoll: Sob os Olhos de Eva” (2017); shows por todos os cantos, apresentações com ícones da música e, consequentemente, segue conquistando a crítica especializada e o público, consolidando-se na cena instrumental do país.
O talento e as experimentações e desafios que movem os músicos resultaram em 2017 na união entre a música e a literatura em composições que tornaram a trilha sonora do livro do escritor e filósofo Renato Shimmi, “Sob os Olhos e Eva”. A produção teve a participação dos músicos Yuri Garfunkel (flauta transversal e viola caipira) que também assina as composições da banda com Moscatiello; Rodrigo Reatto (bateria); Gabriel Catanzaro (baixo); Janja Gomes (percussão) e Fabio Leandro (teclados). O público de Jundiaí e Região teve a oportunidade de conferir o lançamento do álbum abril deste ano no Sesc Jundiaí, num show transmídia com projeções de imagens no telão, proporcionando uma experiência reflexiva.
Recentemente, canções da banda foram selecionadas para a trilha sonora do documentário sobre o artista plástico “Tunga” e a produção autoral dos músicos também inspirou a criação da coreografia “Saltando dos Olhos”. Em entrevista exclusiva ao Acontece Jundiaí, Bruno Moscatiello compartilha sobre a nova produção feita em parceria com o selo Music Magick e relembra a jornada da banda. Confira:
ACONTECE JUNDIAÍ: Para celebrar os dez anos de existência da banda Kaoll vocês lançaram uma coletânea e disponibilizaram um encarte riquíssimo com ilustrações e muita história. Como foi o processo de seleção das músicas? Teve participação dos fãs?
BRUNO MOSCATIELLO: A coletânea comemorativa “Ten Years Barbecue” reapresenta tocatas dos 4 álbuns de estúdio e além de faixas ao vivo. O público nos ajudou a chegar nas faixas pelas redes sociais. Estamos disponibilizando em nosso site oficial, um encarte virtual artesanal que traz uma retrospectiva dos 10 anos de atividade incluindo fotos históricas e uma seleção especial de flyers ilustrados pelo estúdio Sopa Art Br, contextualizando a saga da banda. É possível fazer o download desse material e de nossos outros álbuns no link .
Qual balanço desses 10 anos de experiências e vivências musicais com o Kaoll?
Certamente o Kaoll foi uma grande escola para todos os músicos, parceiros e colaboradores que ajudaram a pavimentar a estrada para nossa caminhada. Aprendemos sobre todos os aspectos de como gerir uma carreira artística de forma independente, desde a produção dos álbuns e shows, divulgações e contatos com a imprensa, viagens e logísticas de transporte, hospedagem em toda a jornada. Só tenho a agradecer a todos que contribuíram de alguma forma para a banda chegar nesses 10 anos tendo conquistado seu espaço no cenário instrumental nacional e por todas as amizades, experiências e lugares que a banda nos proporcionou conhecer. Nessa viagem musical foram mais de 350 apresentações em 17 estados brasileiros e na Europa buscando sempre contribuir com a cultura do nosso país.
Nesta trajetória foram muitos momentos inesquecíveis e memoráveis. Poderia elencar alguns?
O início da nossa história foi muito especial porque tínhamos uma sede insaciável de conquista. Em 2008 realizamos uma série de shows de lançamento do álbum “Kaoll 04” que foi fundamental para chegarmos no time de músicos que acompanhariam o projeto. Com o sexteto formado na companhia do mestre Lanny Gordin, pudemos circular em todos os espaços possíveis da cena instrumental paulistana e do interior, e no ano seguinte fomos coroados com nossa primeira apresentação fora do estado, na Feira da Música de Fortaleza/CE. Daí em diante, o objetivo era levar nossa música para todas as partes do país. Em 2010 gravamos nosso tão sonhado álbum com essa formação, intitulado “Kaoll & Lanny Gordin: Auto-Hipnose”, participamos da Virada Cultural e do “The Mind Expanding Fest” ao lado de Fabio Golfetti, Mobilis Stabilis e Michel Leme. No mesmo ano fizemos nossa primeira apresentação junto ao SESC, que viria a ser o principal parceiro da banda nos anos seguintes em todo o território nacional.
Já em 2011 nos apresentamos no clássico Sesc Pompéia e realizamos nossa primeira turnê pelo nordeste passando por Salvador(BA), Maceió (AL), Recife(PE) e Natal(RN). Com a saída de Lanny no início de 2012, criamos o projeto de interpretações instrumentais da obra do Pink Floyd com projeções visuais e ambiências sonoras. Este trabalho nos deu grande visibilidade e as turnês ampliaram-se para o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Minas Gerais. Para se ter uma ideia do nível das circulações, a segunda turnê pelo nordeste teve 12 apresentações em 18 dias.
Em 2013, participamos do Festival Camping Rock ao lado dos dinossauros Módulo 1000, Terreno Baldio e Patrulha do Espaço e também do aclamado Festival Inverno de Garanhuns. No ano seguinte lançamos o álbum “Kaoll: Odd” que contou com experientes músicos da cena roqueira nacional e com a participação ilustre de Billy Cox, baixista de Jimi Hendrix. Na sequência viajamos para divulgar o trabalho no exterior, na Alemanha e Itália, em uma excursão de um mês pela Europa. Outro ponto alto, e que nos deu enorme satisfação, foi a apresentação no Instrumental Sesc Brasil onde fomos brindados com um excelente registro audiovisual do show e um belo documentário da banda.
Em 2017 lançamos “Kaoll: Sob os Olhos de Eva”, trilha para o livro homônimo de Renato Shimmi, abrindo caminhos novos para a banda. Já neste ano, participamos do Totem Prog Fest ao lado de Som Nosso de Cada Dia, Violeta de Outono, Sérgio Hinds, Willy Verdaguer e outros gigantes do progressivo brasileiro. Também fomos presenteados com a inclusão de temas de nosso segundo álbum trilha para o documentário sobre o artista plástico “Tunga“e com a criação da coreografia “Saltando dos Olhos”, desenvolvida pelo grupo de jovens do Sesc Campo Limpo.
E as parcerias e participações especiais nos álbuns. Como foi esta ‘troca’ com outros artistas?
As participações acrescentaram muito e contextualizaram o Kaoll em cenários diversos. Cada músico somou com sua generosidade. Em Auto-Hipnose, o virtuoso Michel Leme elevou o espírito jazzístico e pudemos compartilhar com ele momentos surreais também nos palcos. Os colegas que colaboraram em Odd, trouxeram diferentes temperos para o álbum. Mr. Billy Cox, trouxe experiência, swing e muita respeitabilidade. João Parahyba, Paulo Garfunkel e Ricardo Vignini, foram fundamentais na brasilidade e nuances jazzy que estávamos buscando. Fabio Ribeiro foi providencial nas intenções eruditas, progressivas e Fabio Leandro com sua versatilidade e bom gosto. Os baixistas Gabriel Costa, Gabriel Catanzaro e Ney Haddad foram pilares e base sólida de sustentação no disco. Muitos dos músicos participaram das nossas apresentações e já faziam parte anteriormente da nossa história nos encontros dos Festivais e na cena do rock progressivo.
E além do CD, vocês planejam produzir um DVD também ou iniciar uma turnê comemorativa?Quais são os planos da banda?
Estamos trabalhando para realizar esse show comemorativo em algum momento de forma especial para os músicos e nosso público. Sobre o futuro temos muitas possibilidades, caminhos e estamos olhando para isso com carinho para ser o mais condizente possível com nossa história.
Ellen Fernandes
Fotos:Divulgação/Kaoll