Fernando de Noronha: o paraíso em forma de natureza
Fernando de Noronha, lugar com infinitos adjetivos, é o paraíso em forma de natureza. Na ilha estão 16 praias deslumbrantes, banhadas por águas cristalinas e mornas com cores que vão do verde esmeralda ao azul cobalto, como a maravilhosa Baía do Sancho, eleita pela quarta vez este ano por viajantes do site especializado em viagens Tripadvisor como a ‘Melhor Praia do Mundo’.
Outros encantos de igual beleza são suas piscinas e aquários naturais e suas trilhas espetaculares, sem falar da rica vida marinha que encanta os visitantes e de suas várias espécies de pássaros, muitas delas endêmicas, e da famosa mabuia, uma lagartixa mais crescidinha que inferniza os turistas desavisados.
Além dessas exuberantes belezas naturais que Deus deu a Noronha, a ilha também traz muita história do nosso país. Ela foi descoberta em 1503, durante uma viagem do navegador Américo Vespúcio que buscava uma caravela naufragada na região. O arquipélago recebeu esse nome em homenagem a Fernan de Loronha, que financiou essa expedição, mas que nunca pôs os pés na ilha.
Depois de mais de 200 anos abandonada, o arquipélago foi palco de diversas batalhas entre portugueses contra holandeses, ingleses e franceses, até que, no século XVIII, Portugal resolveu construir fortalezas, entre elas o de Nossa Senhora dos Remédios, um dos lindos monumentos da ilha, para proteger sua propriedade. Nessa mesma época, a ilha de Fernando de Noronha passou a ser colônia penal, período em que várias edificações foram construídas pelos presidiários, principalmente na Vila dos Remédios. Entre os anos de 1938 e 1945, Noronha voltou a receber presos, mas desta vez como presídio político.
O arquipélago, que já foi Território Federal entre os anos de 1942 e 1988 e hoje pertence ao Estado de Pernambuco, fica a cerca de 545 km da costa pernambucana, recebendo três voos diários, vindos de Recife ou Natal, pontos de conexão para voos de outros Estados e do Exterior. Não existem voos diretos para Noronha, pois a ilha não comporta uma maior infraestrutura para aeronaves. Outra opção para chegar à ilha é pelo mar, através de cruzeiros marítimos que passam pela região entre outubro e fevereiro.
Ficou curioso em conhecer esse santuário da natureza, que já foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2001 como Patrimônio Natural da Humanidade? Então, o que está esperando, saiba um pouco mais sobre um dos destinos preferidos dos turistas do mundo todo e, como se diz por aí, Noronhe-se você também.
Onde ficar
Um dos pontos mais agitados de Noronha é o bairro de Vila dos Remédios, praticamente no Centro da ilha, mais precisamente no entorno da Praça Flamboyant, a principal de Noronha. No bairro está a praia do Cachorro, a mais frequentada por moradores e turistas, diversos restaurantes, tanto badalados como os mais simples e caseiros, e bares e baladas. Os bairros próximos, como o Vila dos Trinta e Floresta Nova também são uma boa opção para se hospedar. É possível encontrar tanto pousadas montadas em casas dos moradores como as sofisticadas pousadas boutiques, que invadiram a ilha nos últimos anos. Já nos bairros mais afastados é possível encontrar lindas pousadas a um custo um pouco mais barato, algumas até com vista para o mar. E lembre-se sempre: o mais importante e verificar quais são suas prioridades antes de escolher o local para se hospedar.
Quando ir
Noronha, por conta de sua localização, bem próximo da linha do Equador, tem apenas duas estações do ano, uma mais seca, entre os meses de setembro a março, com ondas altas, próprias para o surfe, e outra chuvosa, que vai de abril a agosto, com mar mais calmo, perfeito para os mergulhos. As temperaturas oscilam entre os 28 graus durante o ano todo, com temperatura média de suas águas em torno de 26 graus. Mas não se preocupe, no período das chuvas, elas vêm rápidas e também acabam logo, não estragando o passeio.
Como se locomover
O Arquipélago de Fernando de Noronha é formado por 21 ilhas de origem vulcânica, com mais de 12 milhões de anos, totalizando 26 km² de área, mas apenas a ilha maior, e principal, é habitada. Nela está a terceira menor rodovia federal do Brasil, BR-363, com 7,5 km de extensão, atrás da BR-488 e BR-600, e que liga as duas pontas da ilha, o Porto de Santo Antônio e a Praia do Sueste. Portanto, não é difícil ir de uma extremidade a outra na ilha.
Além da opção de aluguel de bugues, muito comuns na ilha, com uma média de preço diário de R$ 250,00 em junho, existem bicicletas e motos para alugar, ou utilizar o transporte público. Os ônibus cruzam a ilha, de uma ponta a outra, chegando a todos os pontos turísticos e praias de Noronha. O valor da passagem é de R$ 5,00 por pessoa. Eles passam no ponto (a maioria na rodovia) a cada meia hora.
Para os esportistas, caminhar pela ilha é a melhor pedida, apesar das ladeiras em certos trechos. Já para os quem têm pressa, há dezenas de táxis rodando pela ilha, com a corrida variando entre R$ 20,00 a R$ 30,00. É só ligar para a Nortax, a associação de taxistas de Noronha.
O que fazer
Noronha é visitada por turistas que procuram principalmente suas praias para mergulho. Com visibilidade de mais de 30 metros, a ilha é um dos pontos preferidos de mergulhadores, profissionais ou amadores. São 16 praias, divididas em duas regiões, o Mar de Dentro, protegido entre o continente brasileiro e a ilha, com águas calmas e mornas, e o Mar de Fora, com águas do Oceano Atlântico mais revoltas e com mais correnteza.
Além da Baía do Sancho, eleita quatro vezes como a ‘Melhor praia do mundo’, a Baía dos Porcos, além de linda, é uma boa opção para mergulhar ou praticar snorkel. Um dos pontos de mergulho mais procurados é o Porto de Santo Antônio, onde está um antigo navio naufragado e casa de milhares de peixes, muitas tartarugas e até tubarões. Lá é possível praticar snorkel ou mergulhar com cilindro. Algumas lojas alugam o equipamento e até filmam o mergulho. A Baía do Sueste é perfeita para o mergulho guiado, através de uma trilha submarina, apreciando as espetaculares tartarugas marinhas.
Noronha também oferece aos ecoturistas diversas trilhas maravilhosas, que proporcionam vistas de tirar o fôlego, passando por praias do Mar de Fora e Mar de Dentro. A mais famosa é a que leva para a praia do Atalaia, onde um aquário natural se forma de acordo com a maré. Apenas 16 pessoas por grupo durante o dia podem frequentar o local, por isso, é necessário agendar a visita, que é guiada, no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) logo que chegar à ilha. Outro passeio muito bonito é a visita ao Morro São José. Também é feito de acordo com a maré. No fim da caminhada está uma belíssima piscina natural.
Outro passeio imperdível é o de barco, de onde se pode ter uma vista privilegiada das praias, além de avistar os lindos golfinhos, ponto máximo do passeio. Aliás, os golfinhos podem ser vistos também se gabando de suas habilidades na Baía dos Golfinhos. Entre 6h e 7h30 da manhã, os golfinhos rotadores fazem apresentações incríveis para os turistas que se dispõem a levantar cedo da cama. Segundo os biólogos do parque, que estudam esses animais, atualmente os golfinhos estão mudando seus hábitos, indo algumas vezes para o Porto de Santo Antônio.
E depois de um dia agitado, nada melhor que visitar o Projeto Tamar, ao lado da sede do ICMbio, para assistir a um dos documentários e palestras sobre a ilha e principalmente sobre as tartarugas marinhas, protegidas por esta instituição. O evento começa sempre por volta das 19h30 e termina por volta das 21h.
Para os que curtem música ao vivo e dançar, o principal ponto é o Bar do Cachorro, ao lado da praia de mesmo nome. As apresentações começam sempre às 18 horas, com um incrível show de saxofonista, com um visual deslumbrante do pôr-do-sol. A cada dia o bar oferece um tema diferente, com shows de reggae, forró, e outros ritmos, que começam por volta das 21 horas.
O que deve saber antes de ir
O arquipélago faz parte do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha e para passar alguns dias na ilha e frequentar suas trilhas e praias é necessário pagar duas taxas: para frequentar o Parque, o valor do ingresso é de R$ 106,00 para brasileiros e R$ 212,00 para estrangeiros (valores de junho), que é válido por 10 dias e dão o direito de acessar todas suas áreas, e a taxa de permanência, chamada de Taxa de Preservação Ambiental (TPA), com preços variando de acordo com o número de dias que o visitante fica na ilha. Os valores são calculados em UFIRs. Em junho, uma estadia de sete dias tinha o valor aproximado de R$ 420,00.
A TPA pode ser paga diretamente no aeroporto, ao desembarcar, ou pelo site http://www.noronha.pe.gov.br/. Já para adquirir o ingresso do parque, pode-se comprar pelo site https://www.parnanoronha.com.br/ingressos e depois trocá-lo na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Bipodiversidade (ICMbio), ao lado do Projeto Tamar, ou comprar pessoalmente no instituto. Uma dica: pague as duas taxas pelos sites antes de viajar para não perder tempo e nem ficar na fila ao desembarcar.
Outra informação muito importante e valiosa para os que vão em busca da natureza: alguns passeios gratuitos pela ilha, como a Trilha do Atalaia, só podem ser visitados após um agendamento, feito na sede do ICMbio. Por conta do número limitado de visitantes por dia nesses passeios, o recomendado é agendar logo depois de desembarcar, até mesmo antes de ir para a pousada.
Uma grande preocupação dos moradores e que o turista não pode esquecer é sobre o consumo de água e energia elétrica. A ilha sofre com a falta dessas infraestruturas e, portanto, o visitante deve ter consciência para não desperdiçar. Além disso, Noronha aboliu os descartáveis de plásticos, para não prejudicar a natureza e principalmente os animais, e outra vez, o turista deve prestar atenção no lixo que produzir e não esquecer de jogá-lo em local apropriado, mantendo assim a sustentabilidade dessa extraordinária criação divina que é Noronha.
Reportagem e fotos: Solange Spiglitatti (Colaboração)