Ponte Torta: ligando histórias e memórias

No município de Jundiaí (SP), podemos exemplificar o reconhecimento de um patrimônio histórico por meio da “Ponte Torta”, construída entre 1888 e 1889 pelo pedreiro italiano Paschoal Scollato e o engenheiro responsável, Willian Harr.

A ponte sobre o Rio Guapeva está ligada à história do transporte coletivo na cidade. Era usada pelos bondes movidos por tração animal, transportando pessoas entre o Centro da cidade e a estação ferroviária.

A Ponte Torta foi tombada no âmbito municipal em Jundiaí por meio de Decreto do Executivo de nº 23293/2011 sobre o grau de proteção total. Construída em alvenaria de tijolos de barro maciços, desenvolvimento de arco central único e embasamento de pedra, representa um vestígio do passado na região central da cidade.

Mesmo sendo utilizada por um curto espaço de tempo para o transporte de bonde e, posteriormente, perdendo sua funcionalidade com o alargamento do rio e a criação de novas vias de ligação, traz consigo um apelo da memória coletiva, que ressalta uma Jundiaí antiga no imaginário de seus cidadãos e destaca a construção da cidade pelos imigrantes italianos e suas técnicas.

Para Sueli de Bem (2014, p. 248), a Ponte Torta é um símbolo do passado não “[…] no seu sentido utilitário; é resíduo histórico”. Por essa razão, o processo de seu tombamento não está ligado apenas a sua estética arquitetônica, mas ao reconhecimento do bem, por parte da população, como elemento da memória coletiva da cidade.

Porém, temos que pensar que a constituição do patrimônio histórico, como a Ponte Torta e outros bens históricos, são representações de uma parcela da sociedade, não de uma totalidade. Isso porque este também é disputa simbólica das tensões sociais, que podem ser por causas de interesses políticos, econômicos ou ideológicos, relevando diferentes interesses dos atores sociais.

Referências Bibliográficas

BEM, Sueli Ferreira de. Conversa de patrimônio em Jundiaí. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.

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